quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Finados

Finados o que significa? Vem de fim. Dia dos que findaram a caminhada da vida terrestre. Dia dos falecidos. Como Jesus fala da morte? Lázaro, meu amigo não está morto, mas dorme. Jesus compara a morte com um dormir. Aliás, cemitério significa dormitório, onde os mortos dormem. Jesus ressuscitou Lázaro e o filho da viúva de Naim. Esta ressurreição é um voltar à vida de antes. E ambos morreram de novo. Creio em Jesus que ressuscitou ao 3º dia. Creio na ressurreição da carne. O que significa? Jesus não voltou à fase anterior, mas inaugura uma nova fase. Ele não pode mais morrer. Ele é o vivente. Seu corpo é um corpo glorioso, transformado, não está mais sujeito à dor, não precisa mais comer, o faz somente para mostrar que não é um fantasma. Ele aparece e desaparece. Aparece atravessando paredes sem dificuldade. Depois de 40 dias ele volta definitivamente ao Pai, terminando assim a sua presença visível entre nós. Pede que nós continuemos a sua missão: Ide por todo o mundo e fazei meus discípulos todos os povos, ensinando-os o que ele tinha ensinado: instaurar o reino de Deus, de amor e fraternidade, amizade e solidariedade, justiça e verdade, paz e vida, partilha e alegria. Mas um dia chegaremos ao fim de nossa caminhada no corpo. Mas nós não queremos morrer. Lutamos. Resistimos. Por quê? Há um desejo em cada um de nós, que nós não colocamos, o desejo da eternidade. Por que então a morte? Isso mostra que a morte não fazia parte do plano inicial de Deus. O homem e mulher tinham recebido de Deus o dom da imortalidade. Adão e Eva revoltaram-se contra Deus. Comeram do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Até hoje os homens continuam se revoltando. E a morte entrou no mundo. O que é a morte?O fim de tudo? Um salto mortal no abismo (Miguel Unamuno)? Não. A vida não é tirada, mas transformada. Deixamos aqui o invólucro, o corpo. Saímos do espaço e tempo e entramos na eternidade, na vida eterna. Esta será uma vida sem dor, sem guerra, sem violência, sem vícios, sem casamento (Sereis como anjos, diz Jesus), sem morte.

Mas antes disso será o julgamento particular. Num abrir e fechar de olhos a criatura humana estará diante de seu Deus, que é a suma luz, crentes e “saramagos”, nesse momento verá com clareza toda a sua vida vivida. O bem e o mal que fez. Quem sabe, talvez lhe será dada a última chance de escolha entre o bem e o mal. Por Deus ou contra Deus. Os maus (os que morrem em pecado mortal e nele persistem) irão para a condenação (inferno) e os bons pra o reino de Deus, que lhes foi preparado desde o inicio (céu) e para os que morreram em pecados veniais irão passar pela purificação (o purgatório). Nada de impuro, nada imperfeito, trevas podem entrar no céu.

O que é o céu? É a vida no paraíso eterno (Ainda hoje estarás comigo no paraíso). Na Jerusalém celeste. Na moradia celestial (Na casa de meu Pai há muitas moradas). Na participação do banquete eterno ou então nas núpcias eternas do Cordeiro. Na felicidade de Deus. Na vida eterna. Céu é participar do repouso e da paz de Deus. “Dai-lhes Senhor o descanso eterno... Descanse em paz”. É participar do reino de Deus. É ver Deus face a face. Todas as imagens são apenas aproximativas. O céu é a plenitude. “Nenhum olho viu, nenhum ouvido ouviu o que Deus preparou para os que o amam”.

No fim da história da humanidade, ninguém sabe quando será, acontecerá a 2ª vinda de Cristo para julgar vivos e mortos. Então os nossos corpos ressuscitarão. O corpo também participará da glória eterna.

O que estamos fazendo hoje nesse cemitério depositando flores, acendendo velas, rezando missa? Isso não é só uma homenagem aos mortos, um gesto de amor e gratidão, mas a expressão de uma fé. Nós cremos com Judas Macabeu que os mortos sobrevivem e que a nossa oração pode ajudá-los. Colocamos os falecidos debaixo da cruz de Cristo para que o seu sangue redentor os lave de seus pecados. Podemos mesmo receber a indulgência plenária para eles. No dia da ressurreição as sepulturas de nossos cemitérios ficarão vazias. Será a vitória definitiva e total sobre a morte.

Texto do Bispo D. Irineu, para a coluna Conversando com o povo de Deus, do Jornal do Povo.

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