terça-feira, 24 de novembro de 2009

Retiro em Vale Vêneto

Do dia 16, à noite até o meio-dia do dia 20/11, o bispo com os seus padres e diáconos fez o retiro anual pregado por Dom Gílio Felício, bispo de Bagé, em Vale Vêneto. Retiro, o que é isso? Vem de retirar-se. “E Jesus se retirou para a montanha para rezar”. Retirado, a gente reza melhor. O bispo com os padres e os diáconos se retirou. Eles deixaram as paróquias, o bispado. Desligaram-se das preocupações, compromissos, de tudo e vieram para longe para não serem perturbados por ninguém. Nem pelo telefone, nem pelos jornais e TV. Convidaram um pregador para conduzir o retiro. O horário é bastante light. Para fazer um bom retiro é preciso estar bem descansado. Por isso, o primeiro compromisso foi o café às 7.30, em silencio. Almoço e jantar também com fundo musical. Para a gente se encontrar consigo e com Deus o silêncio é fundamental. É um silêncio fecundo. Claro existe também o silêncio “vagabundo”, que é prejudicial. A casa de retiro das Irmãs do Imaculado Coração de Maria fica num ambiente paradisíaco. Como é bom escutar o canto dos sabiás, o chilrear das andorinhas, o martelar dos sapos, o chuá-chuá da corrente de água que passa no meio da casa.

Bem, o êxito do retiro depende 80% do quem o faz e 20% do pregador. Este é aquele que conduz o retiro com as meditações ou palestras. Ele indica os livros a ler, ou trechos da Bíblia para depois partilhar em grupo. Fizemos juntos o programa do retiro com os horários. Às 8.15 laudes (oração da manhã) com meditação. Tempo para leitura. Às 10h cafezinho. As 11.30 meditação e depois almoço e sesta. Às 14.30, hora média com mais uma meditação. Tempo para leitura. As 16.00 lanche e as 16.30 outra meditação. Missa concelebrada às 18h e depois o jantar. Às 20h Adoração do Santíssimo, no 1º dia, confissão dos padres, via sacra, e terço no 2º e 3º dia. Estou escrevendo estes pormenores porque a maioria das pessoas nunca fez um retiro ou também para os que já fizeram mas gostariam de saber como é o retiro de padres e diáconos.
D. Gílio começou dizendo que vai abordar o relacionamento do padre com Deus, com os irmãos e com a natureza. Estamos no ano sacerdotal, ano dedicado aos sacerdotes, que iniciou em 19 de junho e termina oficialmente em 19 de junho de 2010. O padroeiro dos padres é S. João Maria Vianney. Pediu que lêssemos a Encíclica do Papa João XXIII sobre ele e o livro “Pároco de Ars” de Walter Nigg. Falou-nos da falta de auto-estima que muitos padres têm de si por incrível que pareça. É preciso reavivar a consciência de que o sacerdote é o vigário de Cristo, é outro Cristo, é propriedade de Deus, consagrado. O mundo de hoje vive uma crise de identidade, de valores, de ralacionamento com a natureza, com a vida. Os presbíteros só formando uma família presbiteral unida ao bispo poderão enfrentar a situação. Esta família cultiva a amizade e promove a pastoral da amizade. Vive a alegria. Os sacerdotes mostram a identidade de sua igreja, quando constroem uma comunidade que escuta e acolhe, que celebra, e que vive a caridade, optando pelos pobres. A cruz faz parte da vida do sacerdote como de todo cristão. Fez parte da vida de Cristo. Cristo continua sendo crucificado nos dias de hoje nos inocentes, nos famintos, nos índios, nos afro-brasileiros, na mulher oprimida. Na cruz a salvação. Na cruz a glória. Eis alguns breves pensamentos extraídos das colocações de Dom Gílio. O espaço é limitado.
Agradeço a Deus por estes dias abençoados. Tempo de avaliação da caminhada. Tempo de projeção. Tempo de reflexão. Levo as seguintes perguntas: O que Deus quer de mim hoje? Qual o meu compromisso como bispo? Qual é a minha prioridade?
Texto do Bispo D. Irineu, para a coluna Conversando com o povo de Deus, do Jornal do Povo.

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